Rodada 12 do Brasileirão começa em junho e só termina em julho por causa da Copa do Mundo de Clubes

A 12ª rodada do Campeonato Brasileiro Série A de 2025 começou na quinta-feira, 12 de junho, com seis jogos em cartaz — mas só será finalizada em julho. Isso mesmo: uma rodada que se estende por mais de um mês. A explicação? A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) decidiu suspender parte dos jogos para acomodar a participação de clubes brasileiros na Copa do Mundo de Clubes da FIFA, que acontece em junho e julho de 2025. É a primeira vez na história da Série A que uma rodada é tão fragmentada. E não foi por acidente. Foi planejado. E isso está mexendo com a lógica do campeonato, a rotina dos torcedores e até a saúde física dos jogadores.

Seis jogos, quatro adiados: o calendário que não faz sentido

Na noite de 12 de junho, o Brasil viu seis jogos acontecerem em paralelo, como se fosse um dia normal. O Red Bull Bragantino perdeu para o Bahia por 3 a 0, em jogo com menos de 3 mil torcedores. O Atlético-MG venceu o Internacional por 2 a 0, com mais de 24 mil pessoas no Mineirão — e foi o único mandante a vencer na rodada. O São Paulo foi goleado pelo Vasco por 3 a 1, enquanto o Grêmio e o Corinthians empataram em 1 a 1, num clássico sem gols de muito impacto. Mas o que mais chamou atenção foi o que não aconteceu.

Quatro jogos foram adiados para julho: Palmeiras x Juventude, Fluminense x Ceará, Botafogo x Mirassol e Sport x Flamengo. Por quê? Porque os times envolvidos têm jogadores convocados para a Copa do Mundo de Clubes da FIFA. O Flamengo, por exemplo, tem o goleiro Weverton, que disputa a competição na Arábia Saudita. O Palmeiras, com o atacante Endrick, e o Sport, com o meia Bruno Guimarães, também perderam peças-chave. A CBF não tinha escolha — ou adiava, ou corria o risco de ver times jogarem com elencos de juvenis.

Os números que não mentem

Até a 12ª rodada, já foram disputados 116 jogos no Brasileirão 2025, com 260 gols marcados — uma média de 2,24 por partida. Isso coloca a temporada como a mais ofensiva desde 2019. Mas os números também revelam desigualdade: o Atlético-MG, com 17 pontos, é o único time entre os 10 primeiros que venceu como mandante nesta rodada. Enquanto isso, o Fortaleza segue na lanterna, com 9 pontos, e o Santos, mesmo com a vitória sobre o Fortaleza, está só um pouco acima, com 7. O Cruzeiro e o Red Bull Bragantino estavam empatados com 23 pontos antes da rodada — e a vitória do Bahia sobre o Bragantino pode ter mudado esse equilíbrio. O Cruzeiro, que empatou com o Vitória, ainda lidera o critério de gols pró (17 contra 14), mas a diferença é tênue.

Desfalques que afetam o jogo

A longa pausa não é só um problema logístico. É um problema físico. O São Paulo perdeu o zagueiro David para uma lesão grave no ligamento cruzado anterior — o que pode tirá-lo de campo por mais de um ano. O meia Luiz Gustavo está fora por tromboembolismo pulmonar, uma condição rara em atletas. No Fortaleza, três jogadores tiveram estiramentos musculares em apenas uma semana. Já o Santos teve o atacante Neymar suspenso por acumulo de cartões — e o goleiro João Paulo liberado para o velório da avó. Isso não é normal. É o futebol em modo caos.

O que vem aí: a 13ª rodada em julho

A próxima rodada está marcada para 13 de julho, depois da volta dos clubes da Copa do Mundo de Clubes. O Flamengo recebe o São Paulo no Maracanã, e o Vasco enfrenta o Botafogo no São Januário. O clássico entre Corinthians e Bragantino na Neo Química Arena será o primeiro grande confronto após a pausa. E os torcedores já estão ansiosos — não só pelo jogo, mas por saber se os times voltarão com a mesma força.

Por que isso tudo importa?

A CBF diz que é para proteger os clubes. Mas o que se vê é um campeonato que perdeu a identidade. Um calendário que não respeita a lógica do futebol brasileiro. O Brasileirão sempre foi um campeonato de ritmo intenso, de jogos em sequência, de emoção contínua. Agora, os torcedores têm que esperar um mês para ver seus times em ação. Os jogadores perdem ritmo. Os técnicos perdem a linha tática. E os patrocinadores? Não sabem mais em que dia a TV vai exibir seus anúncios.

Isso não é inovação. É confusão. E se a FIFA não ajustar o calendário mundial, a próxima edição da Copa do Mundo de Clubes pode acabar com o Brasileirão como conhecemos.