Semanas do Clima ganham força no Sul Global antes da COP30 no Brasil

Novas Semanas do Clima engajam países do Sul Global

Parece que o mundo finalmente está voltando os olhos para o Sul Global nas discussões climáticas. A partir de 2025, as Semanas do Clima organizadas pela UNFCCC mudaram completamente de formato: agora, os debates principais e eventos de negociação acontecem em países em desenvolvimento, como estratégia para acelerar as ações que realmente importam frente à urgência das mudanças climáticas.

A primeira dessas semanas está marcada para maio, na Cidade do Panamá. Por lá, centenas de negociadores, representantes de governos e especialistas vão debater como tirar do papel as Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs), ou seja, as promessas assumidas por cada país no Acordo de Paris. E não fica só nisso: a pauta também é sobre preservar florestas, encontrar caminhos justos para transição da economia tradicional – aquela baseada em combustíveis fósseis – e viabilizar mudanças climáticas de verdade com apoio financeiro, especialmente aos mais vulneráveis.

O curioso é que, dessa vez, a discussão vai funcionar como uma espécie de 'prévia' para a Conferência sobre Mudanças Climáticas que acontece todo ano em Bonn, na Alemanha. Os debates do Panamá vão servir de termômetro para o humor, os avanços e os obstáculos que os negociadores vão levar adiante em junho.

Debates certeiros e próximos passos rumo à COP30

E não para por aí. Antes de novembro, quando o Brasil receberá a tão esperada COP30 em Belém, o continente africano vai sediar outra Semana do Clima. O objetivo é reforçar o alinhamento dos países africanos com as metas globais e dar mais voz a quem mais sente os efeitos do clima extremo, mas costuma ter menos protagonismo nas grandes decisões.

Em todas essas reuniões, temas como transferência de tecnologia, financiamento justo para a transição e estratégias contra o aquecimento global vão dominar as mesas. É um esforço para que, chegando à COP30, já exista um consenso prévio – ou, pelo menos, pontos de acordo mais avançados sobre cortes de emissões, aumento das energias renováveis, combate ao desmatamento e proteção da biodiversidade.

O grande diferencial desse novo ciclo é a promessa de focar menos em discursos bonitos e mais em ação local. Governos, ONGs, setor privado e comunidades ganham protagonismo, colocando pressão por soluções que funcionem na prática, de acordo com a realidade de cada região.

No fim das contas, as Semanas do Clima de 2025 podem ser o empurrãozinho que faltava para tirar do papel os compromissos firmados em Paris, transformando promessas em ações concretas – especialmente nos países que mais precisam de apoio e onde cada grau a mais faz diferença no dia a dia.

Thaynara Rezende de Oliveira

Thaynara Rezende de Oliveira

Sou jornalista especializada em notícias e gosto de escrever sobre os acontecimentos diários no Brasil. Minha paixão é manter as pessoas informadas com atualizações rápidas e precisas.

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5 Comentários

  • Marco Antonio Pires Coelho

    Essa mudança de formato das Semanas do Clima é um dos poucos movimentos reais que vi nos últimos anos que realmente faz sentido. Por anos, todo mundo ficou discutindo no mesmo palco europeu, enquanto os países que mais sofrem com os efeitos do clima tinham que viajar milhares de quilômetros só pra falar da própria sobrevivência. Agora, colocar a pauta no Panamá, depois na África, isso não é simbólico - é prático. É onde a terra tá quebrada, é lá que a solução tem que nascer. E não adianta só trazer dinheiro se não trazer conhecimento local, capacitação, infraestrutura real. O financiamento tem que vir com as mãos sujas de terra, não com PowerPoint brilhante.

    Quem tá no Sul Global já sabe o que precisa: menos reuniões com tradutores, mais engenheiros locais com acesso a tecnologia; menos promessas de ONGs de luxo, mais escolas com sensores de chuva e agricultores treinados em solo regenerativo. A COP30 no Brasil pode ser o ponto alto, mas se não tiver essas semanas prévias como trampolim, vai ser só mais um discurso bonito com audiência de fotógrafos.

    Se o mundo realmente quiser mudar, tem que parar de tratar o Sul como aluno desatento e começar a tratar como professor que já tá vivendo o futuro que o Norte ainda nega.

    Renaldo Alves

    Então agora o clima tá em moda? Tava faltando só umas selfies com árvores e um hashtag #SalvemOPlanetaMasNaoMudaMinhaRotina.

    Se o Panamá e a África são os novos palcos, ótimo - mas será que os mesmos que falam em ‘transição justa’ vão parar de comprar carro elétrico importado que só gera lixo eletrônico e poluição na China? Será que o cara que tá postando isso aqui vai trocar o ar-condicionado por ventilador e janela aberta? Não. Mas aí vai virar trend no TikTok e todo mundo vai achar que ‘ajudou’.

    Enquanto isso, o povo da Amazônia tá vendo o governo prometer proteção e depois liberar licença pra mineradora. Aí a Semana do Clima rola lá, todo mundo拍 foto com indígena, e no fim da semana, ninguém lembra que o cara que falou no palco tá sem água potável na sua aldeia.

    Se quiserem ser sérios, cortem subsídios pra petróleo primeiro. Depois a gente conversa. 🤷‍♂️

    José Ribeiro

    Essa mudança é um passo gigante, e eu tô animado! 🌍✨

    Quem nunca sonhou em ver uma conferência climática acontecendo num lugar onde o calor tá realmente matando gente? Acho que o mundo finalmente tá entendendo que o clima não é um problema de ‘outro lugar’ - é um problema de ‘todo mundo’, e principalmente de quem tá no chão, na lama, no calor que não passa. A transferência de tecnologia precisa ser real, não só promessa de ‘parceria’. Quero ver universidades locais recebendo equipamentos, não só palestras.

    E se a COP30 no Brasil for o ponto de virada? Imagina se a gente consegue mostrar pro mundo que a Amazônia não é só um ‘recurso’, mas um sistema vivo que precisa ser mantido por quem vive nela? Tô torcendo pra que isso vire realidade, não só discurso. 💪🌱

    Se cada cidade brasileira tivesse um programa de plantio comunitário, cada escola tivesse um projeto de energia solar... aí sim a gente estaria construindo o futuro. E não só falando dele.

    Isabella Bella

    É curioso como a humanidade só valoriza algo quando ele vira evento global, quando a ONU aprova, quando o jornal da noite mostra. O povo da Amazônia já sabia que o clima tava ruim. Os pescadores do Nordeste já sentiam o mar invadindo as casas. As crianças em São Paulo já respiravam ar que cheirava a queimada. Mas só agora que a gente pôs o nome ‘Semanas do Clima’ e mandou um comunicado da ONU, agora que o mundo tá olhando, agora é urgente.

    É como se a dor só fosse real quando alguém de terno e gravata reconhecesse. A gente já vivia a crise. Só que ninguém queria ver. Agora que tá na moda, tá na agenda, tá no calendário da ONU... aí sim, é importante.

    É triste. Mas também é esperançoso. Porque talvez, só talvez, agora alguém vá escutar de verdade. E não só aplaudir.

    Espero que não seja só mais um ritual de culpa e selfie.

    alexandre eduardo

    Fala sério, todo ano é a mesma peça de teatro. Palco novo, atores diferentes, mesmo roteiro. O que muda? Nada. Só o fundo da foto.

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