Uma enxurrada de rumores tomou conta das redes sociais após o acidente grave envolvendo o B787-8 da Air India, em Ahmedabad. Segundo posts que viralizaram, a Índia não teria publicado nenhum relatório oficial sobre o desastre. Só que isso não passa de desinformação. O Bureau de Investigação de Acidentes Aeronáuticos (AAIB) do país soltou um relatório preliminar no dia 12 de julho de 2025. O documento entrou em detalhes sobre como o avião, registrado como VT-ANB, caiu ainda durante a tentativa de decolagem.
O acidente foi violento: morreram todos os 241 passageiros a bordo, além de 19 pessoas que estavam em solo. Entre os sobreviventes, as lesões foram graves. Não foi um caso de erro simples ou falta de manutenção óbvia. Conforme o relatório, vários pontos chamam atenção. O mais gritante: as alavancas dos motores estavam na posição de marcha lenta (idle), mas os dados técnicos mostravam que a potência de decolagem foi mantida até o impacto — algo que deixou os investigadores intrigados.
Outro fator notado no documento foi o ajuste dos flaps para cinco graus, como pede o procedimento para decolagem desse modelo. Mas havia ainda questões mecânicas peculiares, como a porta de entrada do APU aberta e o acionamento do Ram Air Turbine antes do tempo — sistemas que só deveriam entrar em ação em situações de falhas durante o voo.
O relatório também descreveu a sequência exata da tentativa de decolagem: o avião atingiu a velocidade V1 (153 nós) às 08:08:33 UTC e alcançou a Vr (155 nós) dois segundos depois, indicando o momento em que os pilotos ergueram o nariz da aeronave buscando sair do chão. O sistema automaticamente reconheceu o "modo aéreo" apenas quatro segundos depois, como seria esperado após um liftoff. Tudo isso mostra que houve tentativa real de decolagem, contrariando boatos iniciais de que o avião jamais saiu do solo.
Apesar de toda essa informação minuciosa disponível publicamente desde julho, circulavam versões afirmando que até hoje ninguém sabia o que realmente tinha acontecido. Sites de baixa credibilidade e perfis em redes sociais chegaram a dizer que “a Índia não publicou relatório preliminar algum sobre a tragédia”. Isso não só foi desmentido pelo relatório preliminar do AAIB, como as informações técnicas apresentadas pela investigação detalham minuto a minuto a triste sucessão de eventos no cockpit.
Especialistas ressaltam que investigações de acidentes aéreos costumam demorar meses, às vezes anos. O relatório preliminar serve justamente para oferecer um panorama rápido, apontando possíveis causas e falhas identificadas logo no início das apurações. Neste caso, o AAIB foi rápido ao dar transparência e clareza para imprensa, famílias e até para a comunidade internacional de aviação, ao contrário do que sugerem os boatos.
O episódio mostra o perigo da desinformação, sobretudo quando se trata de tragédias envolvendo grande número de vítimas. Consultar fontes oficiais e entender as etapas dos processos de investigação pode evitar que rumores criem ainda mais angústia em quem busca respostas.
Marcela Tavares
Sou jornalista especializada em notícias e gosto de escrever sobre os acontecimentos diários no Brasil. Minha paixão é manter as pessoas informadas com atualizações rápidas e precisas.
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