Onda de calor 2025 atinge 42,9°C em Goiás e quebra recordes

Quando Brasil viveu a sua sexta onda de calor de 2025, a temperatura subiu de forma impressionante entre 18 e 22 de setembro, com recorde nacional de 42,9°C registrado em São Miguel do Araguaia, Goiás, no dia 12. Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) confirmou o número, enquanto o meteorologista César Soares, da Climatempo, explicou que o calor superou a média em até 5°C em grande parte do Centro‑Oeste, Norte e interior do Nordeste. O fenômeno coincidiu com o fim do inverno astronômico, marcado pelo equinócio da primavera em 22 de setembro às 15h19 (horário de Brasília).

Contexto climatológico: por que setembro costuma esquentar?

Setembro no Brasil costuma ser um mês de transição: a radiação solar aumenta, a camada de inversão térmica se desfaz e as frentes frias ficam mais raras. Segundo o climatologista Dr. Carlos Souza, a combinação de alta insolação, umidade mínima e ausência de massas de ar polar cria o terreno fértil para ondas de calor prolongadas. "A zona de influência de uma massa de ar quente e seco proveniente da América do Sul, reforçada por circulação de baixa pressão, foi o gatilho principal dessa sexta onda", destacou.

A definição oficial de onda de calor no Brasil exige que, por pelo menos cinco dias consecutivos, a temperatura média diária fique 5°C acima da normal climatológica. Esse critério foi cumprido em várias regiões entre 18 e 22 de setembro, gerando avisos de alerta emitidos pelo INMET e por agências estaduais de meteorologia.

Detalhes dos recordes e das temperaturas extremas

O pico de 42,9°C em São Miguel do Araguaia quebrou o recorde histórico brasileiro para qualquer época do ano. Antes disso, a marca mais alta de setembro era de 40,3°C, registrada em 2016. Outras cidades também registraram números assustadores: Diamantino, Mato Grosso do Sul, chegou a 39,9°C em 29 de agosto; Pedro Afonso e Porto Nacional, no Tocantins, marcaram 39,8°C; e Palmas bateu seu recorde anual com 39,6°C.

Nas áreas Sudeste, Presidente Prudente, São Paulo, saltou de 32°C na quinta-feira para 36°C na sexta e 37°C no sábado. Uberlândia, Minas Gerais, manteve valores entre 33°C e 34°C com pancadas de calor à tarde. Já no Sul, o norte do Paraná viu Londrina subir de 30°C para 33°C em um dia.

Impactos na umidade e na vida cotidiana

O calor intenso trouxe umidade relativa do ar muito baixa, entre 20% e 30% nas regiões mais afetadas. Em partes do Centro‑Oeste, Sudeste e interior do Nordeste, as leituras chegaram a 21% – o que eleva o risco de incêndios florestais e agrava a sensação térmica. Agricultores de Mato Grosso relataram stress nas plantações de soja, enquanto cidades do interior de São Paulo registraram aumento nas chamadas de emergências médicas por insuficiência cardíaca e desidratação.

Nas grandes metrópoles, a demanda por energia elétrica disparou. O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) avançou alerta de risco de saturação nas usinas termelétricas de Goiás e Mato Grosso do Sul, lembrando que o consumo de ar‑condicionado pode elevar a carga em até 15% nas horas de pico.

Reações das autoridades e da população

Reações das autoridades e da população

Em Brasília, o Ministério da Saúde divulgou orientações para evitar golpes de desidratação: beber água regularmente, evitar atividades ao ar livre entre 12h e 17h e ficar atento a sinais de exaustão pelo calor. Já o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) recomendou irrigação controlada para minimizar o consumo de água em áreas vulneráveis.

Nas redes sociais, emojis de sol e de fogo inundaram os timelines. Moradores de São Miguel do Araguaia postaram fotos do termômetro marcando 42,9°C ao lado de ventiladores improvisados. Em grupos de WhatsApp de áreas rurais, circulavam alertas sobre a necessidade de proteger os animais de pasto, com recomendações de sombra e água fresca.

Perspectivas e o que esperar nas próximas semanas

Os modelos climáticos do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC) indicam que a massa de ar quente deve permanecer sobre o interior do país até meados de outubro, embora haja chance de entrada de frentes frias do Sul a partir da segunda semana de outubro. "Se nenhum frente polar forte chegar, podemos ver temperaturas acima de 38°C persistindo nas regiões Centro‑Oeste e Norte", alertou o especialista da Climatempo, César Soares.

O alerta de calor extremo permanece ativo em 20 municípios de Goiás, Mato Grosso e Tocantins, segundo o INMET. As autoridades recomendam monitorar a qualidade do ar, especialmente em áreas de mineração e agricultura intensiva.

Contexto histórico: ondas de calor anteriores e tendências

Esta é a sexta onda de calor registrada em 2025, mas não a primeira em termos de intensidade. Em 2019, a região Centro‑Oeste viu máximas de 41,3°C, e em 2020 um evento similar batou 42,2°C em Cáceres, Mato Grosso. Estudos da Universidade de Brasília (UnB) apontam que a frequência de eventos com anomalias acima de 5°C aumentou 30% na última década, o que coincide com as projeções de aquecimento global para a América do Sul.

A variação na circulação de massas de ar está ligada ao fortalecimento do Anticiclone Subtropical Sul‑Américo, fenômeno que tem sido intensificado pelos gases de efeito estufa. "O padrão aqui não é aleatório; é uma resposta ao desequilíbrio energético do planeta", comenta o climatologista Dr. Carlos Souza.

Perguntas Frequentes

Perguntas Frequentes

Como essa onda de calor afeta a agricultura no Centro‑Oeste?

O calor extremo eleva a evaporação e diminui a umidade do solo, aumentando o risco de estresse hídrico nas culturas de soja e milho. Produtores têm adotado irrigação de emergência e plantio de cultivares mais resistentes ao calor para mitigar perdas.

Quais medidas de saúde pública foram recomendadas?

O Ministério da Saúde orientou a ingestão de pelo menos dois litros de água por dia, evitar esforço físico intenso nas horas de pico e procurar atendimento imediato caso apareçam sintomas como tontura, fraqueza ou desaparecimento da sensação de sede.

Por que São Miguel do Araguaia quebrou o recorde nacional?

A cidade está localizada em uma planície aberta, sem barreiras naturais que moderiem a temperatura. A massa de ar quente e seco que se instalou sobre o Centro‑Oeste foi particularmente intensa nessa área, elevando a temperatura ao pico histórico de 42,9°C.

Qual a previsão para as próximas semanas?

Modelos do CPTEC indicam que o calor continuará acima da média até meados de outubro, com possibilidade de picos de 38°C a 40°C nas regiões Centro‑Oeste e Norte, a menos que uma frente fria forte chega a partir da segunda semana de outubro.

Como esse evento se relaciona com as mudanças climáticas globais?

Especialistas apontam que a frequência e a intensidade de ondas de calor estão aumentando como consequência direta do aquecimento global. Estudos regionais mostram que eventos com anomalias acima de 5°C tornaram‑se 30% mais comuns na última década, alinhando‑se com as projeções de aumento de temperatura para a América do Sul.

Thaynara Rezende de Oliveira

Thaynara Rezende de Oliveira

Sou jornalista especializada em notícias e gosto de escrever sobre os acontecimentos diários no Brasil. Minha paixão é manter as pessoas informadas com atualizações rápidas e precisas.

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12 Comentários

  • Tais Tais

    É impressionante ver como a temperatura subiu de forma tão abrupta, principalmente nas áreas rurais onde a população depende do trabalho ao ar livre. A gente costuma lembrar das festas juninas, mas agora o calor está roubando a brisa que a gente sempre aproveitava. Quem mora em São Miguel do Araguaia deve sentir como se o termômetro estivesse numa churrasqueira gigante. Ainda bem que o Ministério da Saúde já está divulgando dicas, mas a gente precisa se organizar em comunidade para apoiar quem não tem recursos.
    Vamos ficar de olho nos vizinhos e garantir água suficiente para todos.

    Eduardo Chagas

    Não dá pra acreditar que estamos vivendo uma "sexta onda de calor" como se fosse algo normal. Cada dia que passa, o termômetro sobe mais, alcançando 42,9°C, e a gente ainda acha que é só "verão quente". Essa situação é um reflexo direto das políticas que ignoram o clima, permitindo que indústrias poluam sem freios. Enquanto o governo fala de energia limpa, a gente ainda sofre com o calor que nos deixa sem ar. É um escândalo que a gente tenha que lembrar de beber água a cada hora, como se fosse uma regra de sobrevivência.
    Os agricultores ainda são forçados a comprar irrigação de emergência, gastando o que já não têm. E ainda tem gente que acha que isso é "norma".
    Os jovens que crescem agora vão entrar numa geração que nunca viu um inverno ameno; vão ser moldados por noites de calor sufocante.
    Os números são claros: a frequência de ondas de calor aumentou 30% na última década. Isso não é coincidência, é consequência direta das emissões que continuamos emitindo.
    Não há desculpas: o aquecimento global está aqui, e a cada dia ele nos queima mais.
    Precisamos de ação agora, não de promessas vazias que ficam no discurso político.
    Se continuarmos assim, a saúde pública vai colapsar, e a economia vai sofrer ainda mais.
    É hora de mudar, de olhar para o futuro e parar de fechar os olhos para o que está acontecendo diante dos nossos olhos.
    Esse calor não é apenas um número, é um alerta que não podemos mais ignorar.

    Mário Eduardo

    Esse pico de 42,9°C não é acidente natural; é o sinal de que há um plano maior por trás do clima. A elite global tem interesse em manter a população em estado de vulnerabilidade para controlar recursos. Enquanto o INMET lança alertas, as corporações de energia continuam a queimar combustíveis fósseis sem restrição. A sensação térmica que chega a 70 graus em algumas áreas é exatamente o que os interessados querem: desorientar as massas.
    Não podemos aceitar que nos digam que o aquecimento é "natural" quando há dados claros de manipulação.

    Thaty Dantas

    Tempestade de calor bate forte, lembrem de hidratar.

    Davi Silva

    Para quem tem plantações, a prioridade agora é garantir sombra e água suficiente para as culturas de soja e milho. Recomendo instalar telas refletoras nas casas de vegetação para reduzir a radiação direta. Além disso, usar variedades de sementes mais resistentes ao calor pode minimizar perdas. É essencial monitorar a umidade do solo com sensores digitais para aplicar irrigação apenas quando realmente necessário.
    Essas medidas ajudam a cortar custos e preservar a produtividade mesmo sob temperaturas extremas.

    Leonardo Teixeira

    Olha, alguém ainda acha que esse calor é “coisa da natureza”. Não, é consequência de muita irresponsabilidade.
    Se cuidem, se hidratem e, por favor, parem de ignorar os alertas. 😒

    Marcelo Paulo Noguchi

    Prezados leitores, observamos que a anomalia térmica registrada em Goiás supera os valores de referência climatológica em até 5°C, configurando um evento de alta magnitude. Esse fenômeno está correlacionado com a elevação da pressão atmosférica subtropical e a intensificação do anticiclone que tem prevalecido sobre a região Centro‑Oeste. Recomenda-se a adoção de protocolos de mitigação energética, bem como a implementação de estratégias de resiliência urbana para minimizar impactos socioeconômicos. A disseminação de informações técnicas acerca da termodinâmica atmosférica pode auxiliar gestores públicos na formulação de políticas adequadas.
    Ademais, o monitoramento contínuo da qualidade do ar é imperativo, sobretudo nas áreas industriais e agrícolas intensivas.

    Leilane Tiburcio

    É verdade, precisamos nos apoiar mutuamente nesse calor insuportável. Mantenha a geladeira cheia de água e distribua entre os vizinhos que não têm acesso fácil. Pequenos gestos podem fazer grande diferença.

    Jessica Bonetti

    Alguns dizem que tudo isso é culpa das mudanças climáticas, mas será que não tem mais por trás, como manipulação de dados? O governo costuma exagerar nos números para justificar medidas restritivas. Ainda assim, vale ficar de olho e não aceitar tudo sem questionar.
    Se houver algo mais, precisamos estar preparados.

    Fred docearquitetura

    Chega de teorias conspiratórias, o que importa agora é a sua saúde. Beba água, procure sombra e evite esforço físico intenso. Se sentir qualquer sintoma, vá ao pronto‑socorro imediatamente.

    Maysa Horita

    E aí, galera, todo mundo sentindo esse calor de rachar? É hora de fechar a janela, ligar o ventilador e talvez curtir um sorvete bem gelado. Também vale ficar de olho nas notícias pra não perder nenhum aviso de emergência. Vamos nos cuidar e ajudar quem precisa.

    Raphael Dorneles

    Concordo, manter a calma e seguir as recomendações é essencial. Se puder, compartilhe água e informações úteis com quem está vulnerável. Assim, a comunidade sai mais forte desse calor.

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