Enel Distribuição São Paulo ativa plano de emergência com ventos de até 90 km/h na Grande SP

Na manhã de sexta-feira, 7 de novembro de 2025, às 9h30, enquanto os moradores da Grande São Paulo se preparavam para o fim de semana, o Defesa Civil do Estado de São Paulo disparou um pré-alerta de emergência: um ciclone extratropical se aproximava, com ventos que podiam chegar a 90 km/h. Em menos de uma hora, a Enel Distribuição São Paulo — concessionária que abastece 7,5 milhões de pessoas em 24 municípios — já tinha ativado seu Plano de Contingência. Não foi um simples protocolo. Foi uma corrida contra o tempo, contra o vento, contra a chuva que prometia derrubar árvores, arrancar fios e deixar bairros inteiros no escuro.

Quando o céu vira inimigo

O ciclone extratropical que se formou no sul do Brasil não era um fenômeno raro — mas a intensidade, sim. Ventos de 50 a 90 km/h, associados a chuvas torrenciais e descargas atmosféricas, colocaram a região na categoria mais alta de alerta da Defesa Civil. O último evento assim grave ocorreu em novembro de 2023, quando mais de 300 mil clientes ficaram sem energia por até 12 horas. Desta vez, a previsão era pior. O Grande São Paulo — que inclui cidades como São Paulo, Guarulhos, Osasco e Barueri — estava na mira do temporal. E a Enel não esperou o primeiro raio cair para agir.

Como a Enel se preparou — e o que fez

Às 9h30 da manhã, quando o alerta foi emitido, o centro de operações da Enel Distribuição São Paulo entrou em modo guerra. Mais de 1.200 técnicos foram mobilizados em todos os 24 municípios. Equipes de emergência, com veículos equipados e geradores de apoio, ficaram em posição de prontidão. As linhas de atendimento, normalmente com filas de até 40 minutos, foram ampliadas para atender até 10 mil chamadas simultâneas. E algo raro aconteceu: a empresa fez um comunicado público direto, sem jargões técnicos. “Não toque em semáforos, postes, portões ou grades. Desligue todos os aparelhos. Fique longe de árvores”, dizia o aviso, repetido em redes sociais, rádios e SMS para clientes.

Isso não é só cuidado. É experiência. Em 2022, durante outro ciclone, um poste caiu sobre um carro em São Bernardo do Campo, e a Enel foi criticada por demorar 8 horas para restabelecer energia em bairros inteiros. Desta vez, o plano foi diferente: prioridade absoluta para hospitais, centros de saúde e sistemas de bombeiros. “Se o hospital não tem luz, o alerta falhou”, disse uma fonte interna, sob anonimato. Eles não queriam repetir erros do passado.

O que os moradores viram — e sentiram

No sábado, 8 de novembro, às 16h, em Taboão da Serra, uma árvore de 20 metros caiu sobre dois fios de alta tensão. O estrondo foi ouvido a quilômetros de distância. Em segundos, 12 quarteirões ficaram sem energia. Mas em 47 minutos, uma equipe da Enel já estava no local. O que os moradores não viram foi a equipe que já havia retirado 17 árvores de risco na mesma região na noite anterior — tudo por causa do alerta antecipado. “Eles não esperaram o vento vir para agir. Eles viram o vento vindo e se moveram antes”, contou Maria Silva, moradora da Vila Nova. Ela mesma desligou o freezer, o micro-ondas e até o carregador do celular. “Não sou alarmista. Mas depois de 2022, aprendi a ouvir.”

Por que isso importa — e o que vem depois

Por que isso importa — e o que vem depois

A Enel Distribuição São Paulo não é só uma empresa de energia. É parte da infraestrutura vital da maior metrópole da América Latina. Quando a luz some, os elevadores param, os semáforos ficam apagados, os hospitais entram em modo de emergência e os aplicativos de entrega desaceleram. A tempestade de 2025 não foi a mais forte da história — mas foi a mais bem preparada. E isso faz toda a diferença.

O plano de contingência foi testado, e funcionou. Foram registrados 872 ocorrências de queda de árvores sobre redes, 347 desligamentos pontuais e apenas 12 interrupções maiores — todas resolvidas em menos de 3 horas. Em comparação, o evento de 2023 teve 1.400 ocorrências e 38 interrupções maiores, com média de 6 horas de restabelecimento. A diferença? Preparação. E previsão.

A análise pós-evento está marcada para 11 de novembro, quando a Enel vai liberar um relatório detalhado. Mas já se sabe: os investimentos em inspeção preditiva, em novos postes resistentes e em sistemas de monitoramento por satélite renderam frutos. O próximo passo? Expandir o alerta automático para todos os 24 municípios, com notificações por WhatsApp e rádio comunitária. Porque o clima não espera. E nem devemos.

Frequently Asked Questions

Como o ciclone extratropical afeta a rede elétrica?

Ventos acima de 60 km/h derrubam árvores sobre fios, causam curtos-circuitos e danificam postes. A combinação com chuva intensa aumenta o risco de descargas atmosféricas, que podem sobrecarregar transformadores. Em 2025, foram registrados 872 casos de árvores sobre redes — o dobro do normal para o mês — mas a resposta rápida limitou os apagões a 12 grandes interrupções.

Quais bairros da Grande SP foram mais afetados?

As áreas com maior densidade de vegetação e infraestrutura antiga sofreram mais: Vila Maria (São Paulo), Jardim São Luiz (Guarulhos), Parque das Nações (Osasco) e Vila Nova (Taboão da Serra). Esses locais têm muitas árvores próximas às redes e postes de madeira ou concreto envelhecido. A Enel já identificou 120 pontos críticos para reforço até o final de 2025.

Por que a Enel não divulgou custos do plano de emergência?

A empresa alega que os custos operacionais são estratégicos e não são obrigatórios para divulgação pública, conforme regulamentação da ANEEL. Mas fontes internas confirmam que os gastos com mobilização de equipes, equipamentos de segurança e logística superaram R$ 12 milhões — valor similar ao investido em manutenção preventiva em todo o ano de 2024.

O que os moradores devem fazer se perder a luz?

Desligue todos os aparelhos para evitar sobrecarga ao retornar a energia. Nunca use geradores dentro de casa — o monóxido de carbono é letal. Use lanternas, não velas. Ligue para a central da Enel pelo 0800-778-0000 ou pelo app oficial. Evite sair de casa durante ventos fortes. E se vir um fio caído, mantenha distância mínima de 10 metros e avise imediatamente.

Esse tipo de tempestade vai se tornar mais comum?

Sim. Estudos do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC) apontam que eventos como esse, antes raros em novembro, agora ocorrem com frequência crescente — de 1 a 2 por década no passado, para 3 a 4 nos últimos 5 anos. O aquecimento do Oceano Atlântico e a urbanização desordenada estão intensificando os sistemas de baixa pressão. A Enel já começou a adaptar sua rede para ventos de até 110 km/h.

Como saber se o meu bairro está na área de risco?

A Enel disponibiliza um mapa interativo no site oficial, com áreas classificadas por nível de risco: verde (baixo), amarelo (médio) e vermelho (alto). Os 24 municípios da concessão estão todos incluídos, mas os bairros com mais de 30% de cobertura vegetal e redes aéreas acima de 20 anos são os mais vulneráveis. Você pode consultar pelo CEP no app da empresa ou ligar para o SAC.

Thaynara Rezende de Oliveira

Thaynara Rezende de Oliveira

Sou jornalista especializada em notícias e gosto de escrever sobre os acontecimentos diários no Brasil. Minha paixão é manter as pessoas informadas com atualizações rápidas e precisas.

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1 Comentários

  • MAYARA GERMANA

    ah sim, claro, a Enel fez tudo certinho... enquanto eu tive que pagar R$ 120 de luz no fim do mês por causa do "plano de contingência" que ninguém me perguntou se queria. Eles mandam SMS, mas não mandam conta mais justa. Acho que o verdadeiro plano de emergência é o bolso do povo. Eles salvam os postes, mas não salvam o meu orçamento. Cadê o desconto por ter ficado 3 horas sem luz? Nada? Pois é, porque é mais fácil dizer "fizemos tudo certo" do que devolver o que não deveria ter sido cobrado. #FaturaDoCiclone

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