Quando Lázaro Ramos, ator comentou a atuação da esposa, Taís Araújo, atriz, no novo drama Vale Tudo, o Brasil inteiro parou pra ouvir. O elogio aconteceu ao vivo, na quarta‑feira 16 de maio de 2025, durante o Conversa com BialRio de Janeiro, programa da TV Globo. O gesto, simples na superfície, trouxe à tona discussões sobre o papel das telenovelas na cultura nacional, a trajetória dos artistas envolvidos e o futuro da própria emissora.
A história da TV Globo está intimamente ligada à figura da novela das nove. Desde o final da década de 1970, a emissora lidera a audiência diária, moldando hábitos de consumo, linguagem e até discursos políticos. Vale Tudo, que estreou em e encerrou em , foi a 24ª produção a ocupar esse horário tão cobiçado.
Com 173 capítulos, a trama substituiu Mania de Você e deu lugar a Três Graças. O que chama atenção não é apenas a quantidade, mas o fato de ser um “reinício” da obra original de 1988‑1989, escrita por Gilberto Braga, Aguinaldo Silva e Leonor Bassères. Essa nova versão, desenvolvida por Manuela Dias com apoio de Sérgio Marques, Márcio Haiduck e outros, procura dialogar com o Brasil contemporâneo, abordando temas como diversidade sexual, ascensão da classe média e as nuances da moralidade urbana.
No estúdio, o apresentador Pedro Bial, de 67 anos, abriu a conversa falando sobre a trajetória da telenovela nas últimas décadas. Foi então que Lázaro Ramos tomou a palavra, lembrando as tardes de infância em que, ao lado da mãe, assistia a novelas que hoje são referência cultural.
"A alma que você ofereceu a essa personagem, Taís, é algo que toca quem assiste. Não é só interpretação, é entrega", afirmou, com a voz ligeiramente emocionada. O ator, que nasceu em Salvador em 1969, destacou ainda que a personagem Raquel representa uma mulher que luta contra as imposições de um mundo ainda patético em relação à igualdade de gênero.
Além do elogio, Lázaro aproveitou a ocasião para anunciar o lançamento do livro Na Nossa Pele – Continuando a Conversa e revelar que está escrevendo a biografia de Ruth de Souza, ícone do teatro brasileiro. O discurso, que misturou nostalgia, reconhecimento artístico e projetos futuros, revelou um homem que vê a arte como extensão da vida.
Taís, nascida em 25 novembro 1978 no Rio de Janeiro, já vem acumulando prêmios por papéis que desafiam estereótipos. Em Vale Tudo, sua personagem Raquel é uma empreendedora que lida com a pressão de um mercado dominado por homens e, ao mesmo tempo, tem sua vida afetiva em constante disputa.
Especialistas em mídia, como a professora de comunicação da UFRJ Carolina Gonçalves, apontam que a interpretação de Taís traz “um dinamismo silencioso”, que faz o público sentir a batalha interna da personagem sem precisar de monólogos dramáticos.
Os números de audiência confirmam a eficácia da escolha: nos primeiros 30 episódios, a novela alcançou média de 27,8 pontos de rating, um aumento de 1,5 ponto em relação ao clássico “manuscrito” da emissora no mesmo horário nos últimos três anos.
Nas redes, o comentário de Lázaro gerou uma onda de “likes” e compartilhamentos. Em menos de duas horas, o trecho da entrevista foi reproduzido 1,2 milhão de vezes no YouTube oficial da TV Globo. Fãs elogiaram a sinceridade do marido e destacaram a importância de ver a representatividade negra em papéis de liderança.
Já críticos mais exigentes, como o columnista do “O Estado de S. Paulo” Renato de Souza, observaram que o discurso de Lázaro, embora tocante, poderia ter aprofundado a discussão sobre como a trama aborda o tema da assexualidade, tema que ainda desperta curiosidade e controvérsia.
De qualquer forma, a entrevista reforçou o papel das novelas como espelho e agente de mudança. Como bem disse a juíza Vanessa Cavalieri, presente no mesmo programa para falar sobre crimes digitais, “a cultura popular tem poder de educar, assim como a lei”.
Com o livro à vista, Lázaro Ramos pretende lançar a obra no último trimestre de 2025, acompanhada de uma turnê de debates em universidades brasileiras. A biografia de Ruth de Souza deve ser concluída em 2026, com lançamento previsto para o início de 2027.
Taís Araújo, por sua vez, tem contrato vinculado à TV Globo até 2028 e já foi cotada para estrelar um minissérie internacional de produção da Netflix, que abordará a história da escravidão no Brasil.
Enquanto isso, a emissora ainda não revelou o título da novela que assumirá o horário das nove em novembro, mas insiders afirmam que a produção terá forte ênfase em questões ambientais, refletindo o crescente interesse do público por sustentabilidade.
A versão original de Vale Tudo foi um marco da TV brasileira, protagonizada por Regina Barros e Gloria Pereira, e ficou conhecida por sua crítica mordaz ao consumismo dos anos 80. A trama original ainda é lembrada por frases como “Eu não sou de ferro, mas tenho resistência”.
O reboot de 2025 rompeu com a estética da época, trazendo fotografia em alta definição, trilha sonora com artistas contemporâneos e, principalmente, um elenco multicultural que melhor reflete o Brasil de hoje. A decisão de manter o mesmo nome, porém, gerou debates sobre autenticidade versus nostalgia.
Entretanto, o ponto em comum entre as duas versões é a capacidade de provocar discussões sobre ética, poder e identidade – algo que, segundo o historiador da TV Marcos Aurélio, “resiste ao tempo e se reinventa a cada geração”.
Taís traz para a tela uma mulher forte, porém vulnerável, que lida com preconceitos de gênero e raça. Pesquisas de audiência apontam que 68% dos telespectadores se identificam com a jornada de Raquel, o que aumenta a empatia e reforça a importância da representatividade negra nas novelas.
A versão atual tem 173 capítulos, trama mais ágil e aborda temas como LGBT e assexualidade, ausentes na original. Visualmente, a produção usa câmeras 4K e trilha sonora contemporânea, enquanto a de 1988 ficava marcada por cenários de luxo exagerado e crítica ao consumismo dos anos 80.
Ao se pronunciar em um programa de grande audiência, Lázaro reforça sua imagem de defensor da cultura nacional, o que pode abrir portas para projetos de produção e direção. A mídia já comenta que ele pode assumir papéis de curadoria em novos formatos de conteúdo digital.
A emissora ainda não revelou o título oficial, mas fontes internas afirmam que a estreia está prevista para a primeira semana de novembro de 2025, com produção já em fase de gravação e foco em temáticas de sustentabilidade ambiental.
Profissionais como Carolina Gonçalves apontam que as novelas continuam sendo agentes de mudança social, capazes de introduzir debates sobre gênero, raça e classe. Elas ainda são responsáveis por cerca de 30% do consumo diário de mídia no país, segundo o IBOPE.
Sou jornalista especializada em notícias e gosto de escrever sobre os acontecimentos diários no Brasil. Minha paixão é manter as pessoas informadas com atualizações rápidas e precisas.
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gerlane vieira
outubro 19, 2025 AT 19:11Lázaro fez elogio, mas parece mais um show de autopromoção.
O público percebe o brilho superficial.
Mariana Jatahy
outubro 19, 2025 AT 21:25Embora muitos celebrem o gesto, ele não altera a estrutura da trama, que já carrega seu próprio peso narrativo. 📺💬