O que aconteceu
A parceria entre Galvão Bueno e a Band não deve chegar até dezembro de 2025, quando o contrato termina. Segundo apuração do colunista Flávio Ricco e confirmada por outras fontes do setor, a emissora e o narrador vivem um clima de desgaste que tornou a convivência insustentável. Há uma cláusula que permite a rescisão com aviso prévio de 30 dias. Nos bastidores, a avaliação é de que esse gatilho pode ser acionado a qualquer momento.
O ponto de ruptura veio com a performance de audiência do semanal "Galvão e Amigos". Desde a estreia, em março de 2025, o programa só passou de 1 ponto em duas edições: 1,4 na estreia (31/3) e 1,3 em 2/6. Em TV aberta, consistência abaixo de 1 ponto na Grande São Paulo coloca qualquer atração sob pressão. Sem tração com o público, o comercial não consegue vender cotas robustas; sem patrocínio, a conta não fecha.
Do lado da Band, a queixa é direta: Ibope baixo e baixa rentabilidade. Do lado de Galvão, a bronca vai para o departamento comercial. Ele entende que faltou uma estratégia agressiva de captação de anunciantes e a execução de um plano prometido: colocá-lo no universo da Fórmula 1 como mestre de cerimônias das transmissões, algo que ajudaria a atrair marcas e dar visibilidade à atração semanal. Essa integração, porém, não saiu do papel.
O acerto de Galvão com o SBT para a cobertura da Copa do Mundo de 2026 adicionou combustível ao conflito. Para a Band, ver o seu principal nome do esporte alinhado a um concorrente em um evento global mina qualquer tentativa de reposicionamento interno. Para Galvão, o acordo indica que, com ou sem Band, sua agenda para 2026 está encaminhada.
O contrato em vigor prevê a possibilidade de rescisão a pedido de qualquer uma das partes, com aviso de 30 dias. Na prática, isso abre caminho para uma saída organizada: a emissora prepara a grade para tapar o buraco e encerra o programa com uma última edição; o talento negocia aparições finais e acertos comerciais pendentes. Fontes no mercado dizem que, se o aviso ainda não foi dado, está por um fio.
Bastidores e próximos passos
Embora o foco esteja em Galvão, a crise é mais ampla. 2025 foi um ano duro para a Band, com perdas financeiras e saídas de nomes de peso. Cátia Fonseca deixou a casa em junho, após sete anos. Otaviano Costa assumiu o "Melhor da Noite" em março, mas não conseguiu virar o jogo no Ibope. Em paralelo, a emissora revisou custos e reavaliou projetos que não se pagavam. Esse ambiente de aperto orçamentário atingiu diretamente qualquer projeto que precisasse de patrocínio forte para se sustentar.
O caso de "Galvão e Amigos" ilustra o círculo vicioso da TV aberta: audiência fraca derruba preço e apetite das marcas; sem marcas, o programa perde fôlego para investimento, inovação e divulgação; sem reforço, a audiência não reage. Em um mercado disputado por realities, novelas e jornalismo ao vivo, um talk semanal precisa de um gancho claro e de convidados que rendam assunto e repercussão. Quando isso falha, os números cobram.
Havia uma aposta de sinergia entre Galvão e a Fórmula 1, um dos pilares esportivos da Band. A ideia de colocá-lo como mestre de cerimônias, costurando entrevistas, bastidores e entradas especiais, tinha potencial de atrair patrocinadores premium. Sem essa vitrine, o programa ficou mais isolado. A percepção de promessa não cumprida alimentou a frustração do narrador.
O acordo com o SBT para 2026 muda o tabuleiro. Ainda não há detalhes públicos sobre formato, função e equipe, mas é razoável imaginar que a participação de Galvão será pensada para multiplataforma, com presença na TV e nas redes. Para os anunciantes, isso dá previsibilidade: eles sabem onde o narrador vai estar no ciclo da Copa, o evento de maior alcance do esporte.
Se a rescisão na Band avançar, a emissora terá de resolver rapidamente dois pontos: o destino da faixa horária de "Galvão e Amigos" e a comunicação com o mercado publicitário. Em ocasiões assim, TV aberta costuma optar por tapar o buraco com jornalismo, reprises temáticas ou um factual leve que custe pouco e entregue um Ibope semelhante ao da atração cancelada, enquanto prepara um substituto com mais chances de venda.
Para Galvão, a saída antes do fim do contrato reduz o desgaste público e libera agenda para eventos, especiais e negociações de patrocínio alinhadas à Copa de 2026. Ele segue como uma das vozes mais reconhecidas do esporte no país, e isso tem valor nas negociações. O nome sozinho abre portas, mas a entrega comercial depende de produto, janela e estratégia.
O mal-estar também deixa lições para o mercado: promessas de integração entre áreas precisam virar plano de execução com cronograma, metas e entregas claras. Sem isso, a expectativa explode no colo de quem está no ar. E, na TV aberta, todo estouro vira número no dia seguinte.
O que está na mesa hoje é simples: com a relação desgastada, audiência abaixo do esperado e um acordo robusto no horizonte, a saída antecipada de Galvão da Band deixou de ser hipótese para virar questão de tempo. O aviso de 30 dias é o último passo burocrático de uma história que, em off, já foi contada.
Marco Antonio Pires Coelho
setembro 20, 2025 AT 22:05Galvão é uma lenda, mas a Band não pode mais fingir que programa com 1 ponto é sustentável. A gente ama ele, mas a realidade do mercado é cruel: sem patrocínio, não tem verba pra produção, sem produção, não tem conteúdo que prenda, e sem conteúdo, o público vai embora. Eles prometeram integrar ele na F1, mas nada aconteceu - e aí, quem sofre? O cara que tá na frente da câmera, tentando manter a chama viva com o que tem. Não é falta de talento, é falta de estratégia real. Se fosse qualquer outro, já teriam cancelado há meses. Mas ele é Galvão, e por isso merecia mais apoio do que só promessas vazias.
Renaldo Alves
setembro 21, 2025 AT 06:12Então o Galvão tá indo pro SBT? Boa! 🎉 A Band tá mais perdida que cachorro em dia de chuva sem casaco. Eles prometeram F1, colocaram ele num talk show que nem o próprio Galvão acreditava, e agora querem se despedir com um ‘não foi culpa nossa’. Cara, o cara é o maior narrador da TV brasileira, e vocês tratam ele como se fosse um funcionário de call center. SBT tá com os olhos abertos - e o mercado tá rindo da Band. 😂
José Ribeiro
setembro 22, 2025 AT 20:29Sei que parece triste, mas isso é o mercado. 🤷♂️ Galvão é um ícone, mas TV aberta hoje é um campo minado. Programa sem patrocínio = morte lenta. Eles não falharam só com ele - falharam com todos os projetos que precisavam de investimento. O ‘Galvão e Amigos’ era um sonho, mas sonho sem orçamento é só poesia. Agora ele vai pro SBT com a Copa do Mundo, e isso é um ganho pra todo mundo: ele tem um projeto forte, o SBT ganha credibilidade, e a Band... bem, ela vai ter que aprender a viver sem gigantes. 🙏
Isabella Bella
setembro 24, 2025 AT 05:50É curioso como a gente valoriza o nome, mas esquece o sistema. Galvão é a voz, mas a Band era o corpo. E o corpo tá doente. Não é só ele que tá saindo - é a ideia de que a TV aberta ainda pode ser um lugar de grandes vozes. A gente canta o hino da nostalgia, mas não paga a conta. E agora? Vai ser só reprises e jornalismo barato? Acho que o verdadeiro fim não é a saída dele... é a gente ter aceitado que isso era o máximo que ainda dava pra fazer.
alexandre eduardo
setembro 24, 2025 AT 13:4830 dias é só formalidade. O aviso já foi dado no silêncio do estúdio, no olhar vazio dele durante o comercial, no jeito que ele parou de falar sobre F1. A Band não perdeu um apresentador. Perdeu a alma que ainda lembrava que TV podia ser algo mais que ruído. Agora é só número. E número não chora. 🖤
Tayna Souza
setembro 24, 2025 AT 19:35Se o Galvão for mesmo pro SBT, lembrem de mandar um abraço dele pra gente! 😊 Ele merece um projeto de verdade, com suporte, divulgação e espaço pra brilhar. A Band fez tudo errado: prometeu, não cumpriu, e agora quer se despedir sem nem agradecer. Mas ele tá com a agenda cheia e a cabeça clara - e isso é o mais importante. Boa sorte, Galvão! 🙌