Estádio Orange Vélodrome: capacidade, história e como ver o Marseille em casa

O Estádio Orange Vélodrome em Marselha não é só um campo de futebol — é um símbolo da paixão por esporte na França. Com capacidade para 67.394 torcedores, ele é o maior estádio de clube do país, superando até mesmo o Parc des Princes. Tudo mudou em 2014, quando uma reforma de €267 milhões transformou o local, construído em 1937, em uma estrutura moderna com cobertura total. Mas o que muitos não sabem é que, antes da cobertura, os torcedores enfrentavam chuva e vento em partidas decisivas — e mesmo assim, o clima de fervor nunca diminuiu.

Uma história escrita em gols e tempestades

O primeiro jogo no Vélodrome aconteceu em 1937, entre Olympique de Marseille e o Torino. Desde então, o estádio viu histórias que marcaram o futebol mundial. Em 1938, sediou a semifinal entre Itália e Brasil, vencida pelos italianos por 2 a 1. Mas foi na Copa do Mundo de 1998 que ele ganhou dimensão global: quatro jogos da fase de grupos, uma oitava de final, uma quartas e a semifinal entre Brasil e Holanda — que terminou em 1 a 1 e foi decidida nos pênaltis. A plateia, mesmo sem cobertura, gritou até o último minuto. Ainda hoje, os mais velhos lembram com emoção como o vento do Mediterrâneo balançava as bandeiras e os lenços.

A reforma anunciada em 21 de junho de 2010, após a escolha da França como anfitriã da Euro 2016, foi um divisor de águas. O projeto, liderado pelo então prefeito Jean-Claude Gaudin, não apenas adicionou um telhado completo, mas também elevou a capacidade de 60.031 para 67.394 lugares — incluindo 7.000 assentos VIP. O estádio virou um UEFA Elite Stadium, padrão exigido para grandes competições. Mas a transformação foi mais que física: ela redefiniu a identidade do clube. O Vélodrome passou de um templo antigo e rústico a um monumento moderno, sem perder sua alma.

Como comprar ingressos e o que esperar ao chegar

Para quem quer viver a atmosfera do Olympique de Marseille em casa, os preços variam conforme o adversário. Entradas atrás dos gols custam desde €10 — ideais para os mais apaixonados, que preferem o caos e o canto. Nas laterais, entre €20 e €55, dependendo da importância do jogo. Contra o Paris Saint-Germain? Prepare-se para pagar o máximo e chegar cedo: o recorde de público atual, 65.894 pessoas, foi batido em 26 de fevereiro de 2023, naquele clássico épico.

Os ingressos podem ser comprados pelo telefone +33 (0) 892 700 840 ou no site oficial. É permitido levar mochilas, e os programas oficiais são distribuídos gratuitamente. Não há restrição de idade — crianças, adolescentes e idosos compartilham o mesmo grito. E se você não for torcedor, mas quiser sentir a história? Tour pelo estádio custa a partir de €20, com acesso a vestiários, cabine de imprensa e a linha do gramado. É como entrar na câmara do coração do futebol francês.

Além do futebol: o Vélodrome e o rugby

O estádio não vive só de futebol. Em 2023, durante a Copa do Mundo de Rugby, foi palco de quatro jogos decisivos. A vitória da França por 96 a 0 sobre a Namíbia, em 21 de setembro, atraiu 63.486 espectadores — um recorde para o rugby no local. Já a partida entre Gales e Argentina, em 14 de outubro, teve 62.576 torcedores. A estrutura, com sua cobertura e infraestrutura moderna, tornou-se um dos poucos estádios europeus capazes de sediar duas grandes competições em um mesmo ano. Isso mostra seu valor estratégico: não é só um lar para o Marseille, mas um ativo nacional.

Por que isso importa para o futebol francês

Enquanto o Stade de France, em Saint-Denis, abriga a seleção e grandes finais, o Vélodrome é o coração do futebol de clube. Ele representa o contraste: um clube com tradição, mas sem os recursos bilionários do PSG. O fato de ele ser propriedade da cidade — e não de um empresário — é raro na Europa. Isso garante que os ingressos permaneçam acessíveis, que a cultura local seja preservada, e que o clube não se torne um produto de marketing. A reforma de 2014 foi um investimento público em identidade, não em lucro.

Isso explica por que, mesmo em temporadas sem títulos, o Vélodrome nunca fica vazio. Os torcedores sabem: este é o lugar onde o futebol ainda tem alma. Quando o time entra em campo, o grito que ecoa não é de um patrocinador. É de uma cidade inteira, que não esquece que, em 1937, um simples campo de grama se tornou um mito.

O que vem a seguir?

Com a chegada da Euro 2024 e a crescente demanda por eventos internacionais, o Vélodrome pode ser considerado para futuras sedes de competições. A UEFA já sinalizou interesse em usar estádios com perfil histórico e capacidade acima de 60 mil para eventos de elite. E se o Marseille voltar a brigar por títulos europeus? O estádio já está pronto. O que falta é o time. Mas isso, como dizem em Marselha, é outra história.