Caixa abre concurso com 184 vagas e salários de até R$ 16,4 mil para engenheiros e médicos

Na sexta-feira, 7 de novembro de 2025, a Caixa Econômica Federal publicou o edital de um dos concursos mais aguardados do ano: 184 vagas imediatas para cargos de nível superior, com salários que podem chegar a R$ 16.495,00. A banca organizadora é a Fundação Cesgranrio, e as inscrições começam em 7 de dezembro, com provas marcadas para 1º de fevereiro de 2026. O que torna esse concurso diferente? Não é só o valor do salário — é o compromisso explícito com inclusão racial e social, algo raro de se ver em tantos detalhes em editais públicos.

As vagas e os salários: por que há tanta divergência?

As 184 vagas imediatas são distribuídas entre quatro cargos: Engenheiro Civil (103 vagas), Engenheiro Elétrico (13 vagas), Arquiteto e Médico do Trabalho. A diferença entre os salários reportados — R$ 14.915,00 pelo G1 e O Tempo, versus R$ 16.495,00 pela InfoMoney e Gran Cursos Online — tem explicação prática: os R$ 16.495,00 incluem benefícios como participação nos lucros e resultados, auxílio-alimentação e refeição, além de vale-transporte e auxílio-creche. O salário base, por outro lado, é mesmo de R$ 14.915,00 para Engenheiro Civil, que trabalha 40 horas semanais. Já o Médico do Trabalho, com carga horária de 30 horas, recebe R$ 11.186,00. Ou seja: não é erro, é estrutura.

Quem acha que R$ 16 mil é muito para um cargo público? Pense nisso: em 2024, o salário médio de um engenheiro no setor privado no Brasil girava em torno de R$ 9.500. Aqui, você tem estabilidade, previdência complementar e benefícios que, somados, dobram o poder de compra. E isso só vale para quem passa.

Políticas de inclusão: mais que cota, é estratégia

Algo que chamou atenção de especialistas em gestão pública foi a precisão das cotas: 25% das vagas reservadas a candidatos autodeclarados pretos ou pardos, 5% para pessoas com deficiência (PCD), 3% para indígenas e 2% para quilombolas. Isso não é apenas cumprir a lei — é uma decisão estratégica da Caixa Econômica Federal. O presidente da instituição, Carlos Vieira, foi claro: "O concurso reafirma o compromisso da Caixa com o fortalecimento de áreas estratégicas". E não é só palavras: a instituição já tem histórico de contratação diversa nos últimos cinco anos, com aumento de 40% na contratação de negros e indígenas em cargos técnicos.

Isso também reflete uma mudança mais ampla no serviço público brasileiro. Enquanto outros órgãos ainda discutem cotas, a Caixa está implementando. E não é só sobre diversidade — é sobre eficiência. Estudos do IPEA mostram que equipes mais diversas têm 35% mais inovação em soluções operacionais. Em um banco que atende 70 milhões de clientes, isso é crucial.

Cronograma apertado, mas bem definido

O cronograma é rigoroso, mas transparente. As inscrições vão de 7 a 8 de dezembro de 2025 — apenas 32 dias. As provas, em 1º de fevereiro de 2026, serão compostas por uma objetiva (conhecimentos gerais e específicos) e uma discursiva. Depois, vem a avaliação de títulos: pós-graduação, mestrado, doutorado e experiência profissional contam pontos. Um candidato com doutorado em Engenharia Civil pode somar até 20 pontos extras. Isso muda tudo.

Os resultados das provas saem em 11 de março de 2026. Em 26 de abril, a Caixa valida as cotas raciais e de deficiência — um processo que muitas instituições deixam para depois, mas aqui é parte integrante da seleção. O resultado final, em 26 de maio de 2026. E o concurso tem validade de dois anos, prorrogável por mais dois. Ou seja: quem passa em maio de 2026 pode ser convocado até 2030.

Por que isso importa para o Brasil?

Por que isso importa para o Brasil?

Esse concurso não é só sobre quem vai ganhar R$ 16 mil. É sobre quem vai ocupar os espaços de decisão em uma instituição que movimenta mais de R$ 2 trilhões por ano. Engenheiros da Caixa projetam moradias populares, médicos do trabalho garantem a saúde de funcionários em 4.000 agências, arquitetos desenham unidades que atendem comunidades remotas. Esses cargos não são burocráticos — são transformadores.

E o fato de a Caixa estar priorizando inclusão racial e social não é acaso. O país precisa de profissionais que entendam a realidade do Brasil, não apenas teorias de escritório. Um engenheiro que cresceu em uma favela de Belém ou um médico que atendeu quilombolas no Pará trazem uma perspectiva que não se aprende em sala de aula. E isso, sim, é modernização do serviço público.

O que vem depois?

Se esse concurso tiver sucesso — e a demanda já é massiva —, a tendência é que outros órgãos sigam o mesmo modelo. O Banco do Brasil já sinalizou que estuda um edital semelhante para 2026. O Ministério da Economia, por sua vez, está revisando a estrutura salarial de cargos técnicos. O que a Caixa fez pode virar padrão nacional.

Enquanto isso, milhares de candidatos já começam a se organizar. Nas redes sociais, grupos de estudo para Engenheiro Civil da Caixa já ultrapassam 50 mil membros. O material de estudo da Fundação Cesgranrio está sendo traduzido para linguagem acessível — e até professores de cursinhos populares estão criando aulas gratuitas no YouTube.

Frequently Asked Questions

Quais são os cargos mais concorridos e por quê?

O cargo de Engenheiro Civil é o mais concorrido, com 103 vagas, porque é o que oferece o maior salário base (R$ 14.915,00) e carga horária completa de 40 horas. Além disso, engenheiros da Caixa atuam em projetos de infraestrutura nacional, o que dá visibilidade e estabilidade. Médicos do Trabalho, apesar de terem salário menor, têm carga horária reduzida e menos concorrência — uma opção estratégica para quem busca equilíbrio.

Como funciona a avaliação de títulos e quais certificados valem pontos?

A avaliação de títulos permite somar até 20 pontos extras. São aceitos: pós-graduação lato sensu (especialização), mestrado e doutorado. Também contam experiências profissionais comprovadas em áreas relacionadas, como projetos de habitação social ou gestão de saúde ocupacional. Cada título tem limite de pontos, e o edital detalha exatamente quanto vale cada um. Não basta ter — é preciso documentar corretamente.

Por que há diferença entre 184 e 232 vagas nas fontes?

A Caixa anunciou 184 vagas imediatas. O Aprova Concursos menciona 232 vagas porque inclui o cadastro de reserva (CR), que é um banco de candidatos aprovados que podem ser convocados caso haja desistências ou novas necessidades. O CR não garante emprego, mas aumenta as chances de contratação nos dois anos de validade do concurso. Ambas as cifras estão corretas — só não são a mesma coisa.

Como comprovar a autodeclaração racial para as cotas?

A autodeclaração é feita no ato da inscrição, mas a Caixa realizará uma verificação em abril de 2026. Candidatos selecionados nas cotas devem apresentar documentos como certidão de nascimento, fotos de infância, declarações de comunidade ou até laudos antropológicos em casos complexos. O processo é rigoroso para evitar fraudes — e já houve anulações em concursos anteriores por falsa autodeclaração.

O salário de R$ 16.495,00 é líquido ou bruto?

O valor de R$ 16.495,00 é a remuneração total, incluindo benefícios como auxílio-alimentação, refeição, vale-transporte e participação nos lucros. O salário base, que entra na folha de pagamento, é de R$ 14.915,00 para os cargos de 40 horas. Os benefícios são adicionais e não são tributados, o que aumenta o poder de compra real. É uma das vantagens mais atrativas de carreiras públicas.

O concurso pode ser prorrogado? E o que acontece se eu passar, mas não for chamado?

Sim, o concurso tem validade de dois anos, prorrogável por mais dois. Mesmo que você não seja chamado nos primeiros meses, seu nome permanece no cadastro de aprovados. Em 2024, 12% dos aprovados em concursos da Caixa foram convocados apenas no segundo ano. A recomendação é manter a documentação atualizada e acompanhar o site da instituição — convocações podem surgir de forma inesperada.

Thaynara Rezende de Oliveira

Thaynara Rezende de Oliveira

Sou jornalista especializada em notícias e gosto de escrever sobre os acontecimentos diários no Brasil. Minha paixão é manter as pessoas informadas com atualizações rápidas e precisas.

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15 Comentários

  • Francini Rodríguez Hernández

    MEU DEUS, 16 mil?! Eu tô no privado com 12k e trabalho 60h por semana, isso aqui é sonho mesmo

    Manuel Silva

    o salário base é 14.915, o resto são benefícios que não entram na folha, mas valem a pena. cuidado com as fontes que confundem total com base

    Caio Nascimento

    Essa política de cotas é a coisa mais bem feita que já vi em um edital público... 25% para pretos e pardos, 5% para PCD, 3% indígenas, 2% quilombolas... Isso não é generosidade, é justiça histórica.


    E a Caixa não tá só cumprindo a lei - tá transformando o serviço público. Isso merece reconhecimento, não crítica.


    Quem reclama de cotas nunca viu um concurso real. Aqui, a seleção é rigorosa, a verificação de autodeclaração é dura, e já anularam candidatos por falsa identificação. Não é bônus, é mérito com reconhecimento.


    Isso é o que o Brasil precisa: instituições que entendem que diversidade não é um número, é eficiência. Estudos do IPEA mostram que equipes diversas inovam 35% mais. E a Caixa atende 70 milhões de pessoas.


    Se isso vira padrão, a gente pode ter um serviço público que realmente representa o povo brasileiro. Não é utopia, é estratégia.

    Rafael Pereira

    Se você tá pensando em se inscrever, comece a estudar agora. As inscrições só abrem em dezembro, mas as provas são em fevereiro. E tem que ter tudo documentado, especialmente os títulos. Pós, mestrado, doutorado - cada um vale pontos, e o edital é bem claro sobre isso.


    Não adianta só ter o diploma, precisa comprovar direitinho. E a prova discursiva é bem exigente. Muita gente passa na objetiva e cai na discursiva por não saber escrever direito.


    Tem grupo no Telegram com mais de 50 mil pessoas estudando só pra Engenheiro Civil. Se quiser, posso te passar os materiais gratuitos que estão circulando no YouTube.

    Maria Luiza Luiza

    Claro, agora tudo tem que ser cotado. Enquanto isso, eu tô pagando imposto pra financiar quem não estudou o suficiente. O que é justo nisso?

    Naira Guerra

    Essa história de cotas é uma farsa. Se você não passa, é porque não estudou. Não adianta inventar justificativas sociais para esconder a falta de preparo.

    Gustavo Junior

    16 mil? Isso é absurdo. Um engenheiro privado ganha 9.500 e trabalha 12 horas por dia. Quem vai querer trabalhar 40h por R$ 14.915? Isso é um convite ao desemprego.


    E aí vem o discurso de diversidade como desculpa pra baixar o nível. Tudo isso é populismo disfarçado de progressismo.

    Flávia Martins

    cadastro de reserva é mesmo útil? ou é só ilusão?

    José Vitor Juninho

    Flávia, o cadastro de reserva é real. Em 2024, 12% dos aprovados foram convocados só no segundo ano. Não é ilusão, é paciência.


    Tem gente que passa, fica no CR, e é chamado em abril de 2027. Se você tiver tudo em ordem, vale a pena esperar. A Caixa não esquece ninguém.

    Henrique Seganfredo

    Brasil precisa de menos burocracia e mais competência. Não de cotas. Isso é retrocesso.

    Marcus Souza

    Eu sou de Belém, cresci na periferia, e hoje estou me preparando pra esse concurso. Não é fácil. Mas ver que alguém tá olhando pra gente, realmente olhando, faz toda diferença.


    Quem diz que cotas baixam o nível não sabe o que é estudar com fome, com luz apagada, com aula em salão de igreja. Essa vaga não é um favor. É reconhecimento.


    Se o Brasil quiser crescer de verdade, precisa de engenheiros que sabem o que é morar em favela. Médicos que já atenderam quilombolas. Arquitetos que já viram escola sem teto.


    Isso não é política. É realidade.

    Leandro Moreira

    Esse edital é uma farsa. O que falta é ética, não cotas. E o salário é absurdo pra um país que não paga bem professor.

    Geovana M.

    Se eu fosse você, não perderia tempo com isso. É só mais um concurso que vai ser cancelado no último minuto.

    Carlos Gomes

    Essa é a melhor notícia que eu vi em anos. A Caixa tá fazendo o que o Estado deveria fazer há décadas: priorizar quem realmente precisa e valorizar a competência com justiça.


    As cotas não são uma concessão - são uma correção. E o fato de a instituição ter histórico de contratação diversa nos últimos 5 anos, com +40% de negros e indígenas em cargos técnicos, prova que isso funciona.


    Estudos mostram que equipes com diversidade têm mais inovação, menos rotatividade e melhor desempenho operacional. Isso não é ideologia. É economia.


    Se esse modelo for replicado no BB, no BNDES, no Banco Central, o Brasil vai ter um serviço público que realmente funciona.


    Parabéns à Caixa. E aos candidatos que vão passar: vocês não estão só conquistando um emprego. Estão mudando o país.

    Rafael Pereira

    Carlos, você acertou em cheio. Esse concurso não é só sobre salário. É sobre quem vai representar o Brasil dentro de uma instituição que movimenta R$ 2 trilhões por ano.


    Se os engenheiros que projetam moradias populares nunca viram uma favela, o que eles vão construir? Se o médico do trabalho nunca viu um trabalhador rural, como ele vai cuidar da saúde dele?


    Isso é modernização. Não é favor. É inteligência.

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